Quantas vezes não fazemos coisas por culpa?
Não porque estávamos com vontade, mas para cumprir papéis que são esperados de nós? Tentamos ser os pais perfeitos, os profissionais exemplares, filhos ideais, sempre preencher expectativas alheias.
Quando eu era mais novo, fazia muita coisa pelo simples fato de precisar de reconhecimento.
Isso foi criando uma necessidade de que os outros reconhecessem minhas potencialidades, e destruindo minha auto estima e meu amor próprio, afinal, em vários momentos era levado a fazer coisas movido pela constante culpa.
Então, percebi que não haveria nada de produtivo nessa história.
Quem podia ser beneficiado pela culpa? Que ações a culpa me traria que poderiam ser benéficas para o todo?
Só que até nos darmos conta disso, nos massacramos diariamente – em alguns momentos foquei no trabalho. Só queria crescer, crescer, e crescer, deixando saúde e família de lado.
A desculpa perfeita para aquilo era que o sacrifício valeria a pena.
Nos enganamos e aceitamos nossas próprias desculpas para validarmos algo que nem ao menos concordamos.
O equilíbrio pleno é difícil de ser alcançado. Requer um esforço diário, onde temos que fazer a gestão do nosso tempo e ver onde precisamos colocar mais foco. Mesmo assim, tem dias que aquilo não vale a pena.
Tem dias em que estamos nos lugares onde não queríamos estar e olhamos para aquele mar de insatisfações sem nos dar conta de quanto nos auto agredimos.
E porque fazemos isso?
Por essa maldita necessidade de reconhecimento.
Quando focamos no externo, no que os outros vão pensar, nos julgamentos, tudo fica mais pesado. Ficamos achando que a vida profissional precisa estar sempre 100%, precisamos ser bons amigos, estar em forma, bem espiritualmente, nos divertir, curtir a vida, viajar.. E as redes sociais, que criam uma falsa ilusão de felicidade nos enganam o tempo todo.
A grama do vizinho parece sempre estar mais verde que a nossa.
Por isso, em vários momentos em que me senti em débito comigo mesmo, culpado, em crise, parei e refleti: afinal, o que é realmente importante?
Cada vez mais vemos pessoas ultraconectadas, presas aos seus trabalhos 24 horas por dia, sem se permitirem vivenciar momentos off-line.
Quando consegui desligar o celular aos finais de semana, deixar de entrar na internet em determinados momentos, é que realmente me conectei comigo mesmo. E isso é cada vez mais raro.
Somos nós que nos permitimos ou não a fazer certas coisas. Somos nós que nos culpamos e nos punimos. Nós somos nossos carrascos o tempo todo.